II FEIRA MEBENGÔKRÉ DE SEMENTES TRADICIONAIS

Terra Indígena Kayapó – Aldeia Moikarakô

Entre os dias 12 a 19 de setembro aconteceu na aldeia Moikarakõ do povo Mebengôkré (Kayapó) a II Feira das Sementes Tradicionais Indígenas.  A primeira aconteceu há quatro anos atrás na mesma aldeia Moikarakô.  Na primeira versão foram colocadas as bases e princípios para que esta “Feira de Sementes Tradicionais Indígenas” viesse a se tornar uma tradição entre as várias aldeias do povo Mebengôkré, já que ela foi importada dos povos indígenas da região vizinha dos estados de Goiás e Tocantins onde já tinha uma longa tradição.

A realização da Feira das Sementes tem como finalidade A PRESERVAÇÃO RESGATE E PROTEÇÃO das  sementes que tradicionalmente fazem parte da cultura e alimentação dos povos indígenas, todas elas originais (crioulas) e que na maioria das vezes são só cultivadas por eles.  Segundo os anciãos do povo Mebengôkré, é necessária a preservação das sementes tradicionais não apenas pela história e cultura, mas porque delas depende a alimentação das gerações futuras não só dos povos indígenas, mas também dos Kuben (brancos).

Nestas feiras das sementes não é permitida a compra ou venda das mesmas entre os participantes, sejam estes Mebengôkré ou de outros povos indígenas, pois nas tradições culturais indígenas os alimentos não se compram nem se vendem, se dividem e se partilham.  Sendo assim, depois de realizada a exposição o intercâmbio das sementes é feito através da troca ou permuta, respeitando não um valor quantitativo ou qualitativo e sim apenas o desejo de recuperar aqueles produtos que por um motivo ou outro foram esquecidos ou se perderam através do tempo no processo de sedentarização.

Cientes da importância do resgate e preservação não só das sementes, mas de todos os elementos sejam estes culturais, históricos, de costumes e alimentares, os  povos Indígenas que participaram da II Feira de Sementes Tradicionais Indígenas, junto com grupos de apóio, associações, ONGs e movimentos, se comprometem na defesa e proteção das mesmas perante a ameaça e cobiça de grandes empresas transnacionais que pretendem monopolizar o controles  e comercialização de todas as sementes no mundo, movidas apenas pelo interesse capitalista de acumulação.

Raymundo Camacho  – membro  do Cimi Norte II, núcleo de Redenção –