Mensagem do Encontro de Congregações Religiosas com Projetos em Perspectiva Panamazónica

 

Com a prontidão de María, acolhemos o convite da CLAR e a REPAM, para participar do Encontro de Congregações Religiosas com Projetos em Perspectiva Pan-Amazônica, onde  refletimos sobre “A missionariedade Pan-Amazônica na ótica da ecologia integral”. Somos noventa participantes de trinta congregações, religiosas, religiosos, leigos, leigas e padres diocesanos dos países da Pan-Amazônia, em Tabatinga (Brasil), região transfronteiriça, de 20 a 24 de abril, 2018.

Desde um olhar amoroso, cuidadoso e esperançoso, partilhamos a diversidade social, cultural, espiritual e ambiental, nascida da sabedoria dos povos originários com quem compartilhamos nossa vida e missão, que nasce de uma atitude de encontro que vai transformando nossa vida e a de nossas instituições para abrir caminhos para a Igreja e a ecologia integral que o Sínodo Pan-Amazônico nos convoca e que vão surgir na medida em que aconteça um proceso de escuta.

Diante de um cenário constantemente ameaçado por um capitalismo que mata, a Vida Religiosa é chamada a ser sinal de esperança para uma Igreja com rosto amazônico e indígena, inspirada na Laudato Sí e no Evangelho da Criação, saindo das fórmulas preestabelecidas e abrindo-se aos sinais de vida que encontramos numa região onde Deus se faz presente em todas as realidades.

Somos chamados a entrar numa dinâmica constante de conversão profunda, que nos leve a “corazonarnos” com a Amazônia e seus povos, a atravessar as fronteiras geográficas, simbólicas, culturais, pessoais e congregacionais. Intensificar nossa dimensão itinerante, que nos põe a caminho para ser uma Igreja em saída e missionária, que nos leva a estarmos presentes nos lugares onde a vida está mais ameaçada, nas periferias, com atitude de escuta, convivência demorada, cuidado e partilha, acolhendo os diferentes modos de vida, partilhando experiências que ajudam no mútuo crescimento.

Nunca esqueçamos que quanto mais difícil é o tempo e as circunstancias em que vivemos, mais forte tem que ser nossa esperança. Por isso, nos solidarizamos com uma mensagem as irmãs de Notre Dame de Namur e ao Padre José Amaro Lopes Sousa, preso como conseqüência de sua luta na defesa da Amazônia e seus povos na região do Xingú, vítima de um complô dos poderes políticos e econômicos, situação sofrida por muitas lideranças na região amazônica.

Conhecer a vida de algumas comunidades do Brasil, a Colômbia e o Perú, onde fizemos uma missão durante o encontro, nos ajudou a descobrir a resistência em meio as dificuldades e como o povo alimenta sua fé e esperança, fortalecidas por uma significativa presença de crianças e jovens. Conhecer o modo de celebrar dos povos da região, a partir do encontro festivo e da partilha, é um exemplo que pode ajudar a vida religiosa na Pan-Amazônia a entrar na dinâmica dos moradores da região, como algumas congregações, em sua partilha sobre os projetos em perspectiva Pan-Amazônica, mostraram que estão conseguindo, esperando um maior apoio dos Superiores Maiores das Congregações.

Como Vida Religiosa na Pan-Amazônia nos comprometemos: reler nossos carismas a partir da Laudato Si, buscando novas relações e encontros desde uma espiritualidade inculturada; reorganizarmos para recuperar o sentido vocacional e missionário, fortalecendo nossas raízes; trabalhar com instituições e organismos que defendam a vida e os direitos dos povos e da terra; itinerar para as periferias, transcendendo as diferentes fronteiras; configurar uma identidade com rosto amazônico desde uma ética do cuidado que gera hospitalidade, unidade na diversidade e comunhão; olhar e escutar com profecia, num compromisso com a justiça, a paz e a integridade da Criação; resgatar o sagrado e as cosmovisões locais para celebrar a vida em conexão com as culturas amazônicas e o Criador; promover a ecologia integral com uma educação e espiritualidade ecológica que provoque incidência política; fazer realidade uma nova eclesialidade Pan-Amazônica.

Que a Vida Religiosa da Pan-Amazônia faça suas as palavras do Papa Francisco, com quem nos sentimos profundamente unidos, aos povos indígenas em Puerto Maldonado: “ajudai os missionários e as missionárias a fazerem-se um só convosco e assim, dialogando com todos, podeis plasmar uma Igreja com rosto amazônico e uma Igreja com rosto indígena”.

Tabatinga – Brasil, 24 de abril, 2018

(Fotos: Cortesía de Luis Miguel Modino)

25/04/2018
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