Ciudad del Vaticano, 30-06-2016 (REPAM).- Vivimos en Brasil una situación desesperada frente al sufrimiento de nuestros primeros habitantes, afirma monseñor Roque Paloschi, en carta al Papa Francisco, al momento de entregarle el “Relatorio de la Violencia contra los Pueblos Indígenas en 2014”. “La indiferencia, el avance de los grandes proyectos de agro-negocio, la construcción de las grandes hidroeléctricas, las empresas mineras, y la devastación del medio ambiente en general. Todo eso trae consecuencias desastrosas a los pueblos indígenas”, afirma.
Monseñor Paloschi, es presidente del Consejo Indigenista Misionero y arzobispo de la diócesis amazónica de Porto Velho.
En la carta entregada al Papa, el Arzobispo agradece la atención que el pontífice ha dedicado a la problemática indígena y comunica las dificultades que enfrentan los pueblos indígenas en Brasil. En particular, cita la actual situación de extrema vulnerabilidad que viven los indígenas Guariní y Kaiowá en Mato Grosso do Sul, víctimas de un reciente ataque paramilitar en Caarapó, en el que fue asesinado el indígena Clodiodi Aquileu Rodrigues de Souza. “Los Guaraní Kaiowá han visto negados su derecho a sus tierras, además de sufrir repetidas violencias de grupos paramilitares y la continua despreocupación del propio estado”, afirma monseñor Roque.
En diversas ocasiones, el Papa Francisco se pronunció en relación a la importancia del respeto a los pueblos indígenas y sobre la necesidad de “buscar otros modos de entender la economía y el progreso, el valor propio de cada criatura, el sentido humano de la ecología, la necesidad de debates sinceros y honestos, la grave responsabilidad de la política internacional y local, la cultura del descarte y la propuesta de un nuevo estilo de vida”, como lo escribió en la encíclica Laudato Si, sobre el Cuidado de la Casa Común.
El Papa Francisco, en sus encuentros con los pueblos originarios (Bolivia y México), pidió perdón a las comunidades indígenas en nombre de la Iglesia, “por los crímenes cometidos contra los pueblos nativos durante la llamada conquista de América”.
“Estamos profundamente agradecidos por su ternura y proximidad con los pueblos originarios del mundo”, afirma monseñor Paloschi en la carta entregada al Papa. “Contamos con su oración y bendición a los pueblos originarios de Brasil”, concluye, subrayando que Francisco será bienvenido cuando visite este país amazónico.
Lea, abajo la carta del presidente del CIMI, Monseñor Roque Paloschi, al Papa Francisco:
Roma, 29 de junho de 2016.
Santo Padre, Em primeiro lugar, desejo agradecer a confiança pela minha nomeação como arcebispo de Porto Velho-Rondônia na Amazônia brasileira.
Peço a sua bênção e a sua oração para que eu possa viver a missão nos caminhos da simplicidade e humildade, sendo um irmão entre os irmãos e irmãs.
Mas hoje também quero suplicar uma bênção muito especial para uma outra missão que a Igreja do Brasil me confiou: animar e acompanhar missionários e missionárias do Brasil que trabalham junto aos povos indígenas, como presidente do Conselho Indigenista Missionário – CIMI.
Somos profundamente agradecidos pela sua ternura e proximidade com os povos originários do mundo, como sentimos na sua Encíclica Laudato Si, nos encontros na Bolívia, México e em outros pronunciamentos.
Vivemos no Brasil uma situação desesperadora diante do sofrimento dos nossos primeiros habitantes; a indiferença, o avanço dos grandes projetos do agronegócio, a construção da grandes hidrelétricas, a mineração, e a devastação do meio ambiente em general. Isso tudo traz consequências desastrosas aos povos indígenas. A ONU tem denunciado em particular a violência contra os Guarani Kaiowá no Mato Grosso do Sul. Os Guarani Kaiowá tem visto o direito às suas terras ser negado, além de sofrerem repetidas violências de grupos paramilitares e o continuado descaso do próprio Estado. Estudiosos chegam a afirmar haver um genocídio do povo Guarani Kaiowá.
Queremos agradecer o seu apoio ao trabalho da Comissão Episcopal para a Amazônia coordenado pelo seu amigo particular Cardeal Claudio Hummes. Alegra-nos muito o seu carinho para com a REPAM – Rede Eclesial Pan-Amazônica e também sua atenção e estima pelo trabalho do CIMI.
Trago aqui o relatório de violência contra os povos indígenas, produzido pelo Conselho Indigenista Missionário. Santo Padre, isso só nos entristece e nos envergonha como brasileiros e cristãos. Mas posso lhe assegurar que há um grande número de missionários e missionárias que vivem martirialmente junto aos povos indígenas, na defesa da vida e da criação. Contamos com a sua oração e bênção aos povos originários do Brasil.
Estamos nos preparando para sua visita ao Brasil em comemoração aos trezentos anos de Nossa Senhora Aparecida. Povos indígenas já sonham e aguardam uma visita sua, em qualquer lugar do Brasil onde estejam, como sinal de seu amor paternal aos primeiros habitantes de nossas terras ameríndias.
Obrigado e conte sempre com minha estima e prece.
Roque Paloschi
Arcebispo de Porto Velho e Presidente do Cimi