Resistir é Preciso, Proteger Nosso Território é Urgente a Bacia do Tapajós é Nossa Vida

RESISITR É PRECISO, PROTEGER NOSSO TERRITÓRIO É URGENTE

A BACIA DO TAPAJÓS É NOSSA VIDA – NÃO É MEU, NÃO É SEU,

É DE TODOS

TIREM AS GARRAS DESSE NOSSO PATRIMÔNIO

Edilberto Sena,

Membro do Movimento Tapajós Vivo

Santarém, 31 de outubro de 2016

  1. A guerra está latente na Amazônia. O Capital comanda o Estado brasileiro e este coloca as riquezas da Amazônia ao dispor desse sistema agressor e sem escrúpulos

O Estado nacional já quebrou o rico e caudaloso rio Madeira, com duas grandes hidroelétricas, Jirau e Santo Antônio. Sem diálogo, sem respeito aos direitos dos povos tradicionais, enfiou goela abaixo dois projetos criminosos e consequências irreversíveis paras os povos tradicionais. Repetiu o assassinato de parte do rio Xingu com esse tal belo monstro. Novamente ignorou os direitos dos povos tradicionais, deixando sequelas sociais muito graves.

Agora o capital e seu servidor governo federal se voltam para a bacia do rio Tapajós. Falam de 43 projetos de barragens, e há quem diga que serão 120 entre PCHs e UHEs. Desses desastrosos projetos, sete são previstos para o rio Tapajós/Jamanxin; cinco são para o rio Teles Pires e 23 são para a sub bacia do Juruena. As outras são projetos futuros.

No rio Teles Pires já construíram uma usina e começam outra na barra de São Manoel, que segundo o professor, Chico Peixe, especialista em estudos de peixes, o Teles Pires já não é mais um rio, mas vários lagos represados. Ali houve e há resistências de povos tradicionais, porém ainda frágeis e enganados.

No rio Tapajós propriamente, o capital e o Estado brasileiro tem insistido em levar adiante a primeira de sete hidroelétricas, São Luiz do Tapajós. Porém não tem sido fácil, pois a resistência popular tem crescido. Ao ponto que o IBAMA se viu obrigado a arquivar o projeto. Porém os grupos organizados não cruzam os braços, pois sabem que arquivar é uma ação temporária. Tanto o povo Munduruku, como os movimentos sociais organizados, Movimento Tapajós Vivo, MTV, Grupo de resistência em Itaituba e Movimento dos atingidos por barragens, MAB estão apresentando formas de sensibilizar as populações que ainda não se deram conta dos desastres consequentes, como são espelhos, os casos de Xingu e Altamira em especial. Esse despertar de consciências tem ampliado a militância na região. Duas Caravanas foram realizadas nos dois últimos anos, uma na comunidade São Luiz do Tapajós e outra à cidade de Itaituba neste ano. Elas serviram muito para unir forças dos que buscam salvar nosso território.

Um sinal da preocupação do governo federal foi o arquivamento da licença ambiental feito pelo IBAMA recentemente. Mas os movimentos não cruzam os braços, pois sabem que esse arquivamento é temporário e pode voltar a qualquer momento. Assim foi com o projeto Cararaô,26 anos atrás no Xingu e que depois se tornou Belo Monstro hoje.

  1. Diante dese cenário de guerra entre a ditadura do capital e os povos tradicionais da região, o encontro Festival Juruena Vivo, ocorrido nesta semana, de 27 a 30 de outubro, foi um passo importante para a conjugação de forças. Juara, onde ocorreu o festival, é uma cidade polo na região de Juruena. Presentes vários grupos de movimentos populares, 12 etnias indígenas do Mato Grosso e Pará, representantes do Forum Teles Pires e do Movimento Tapajós Vivo do Pará, como também membros do movimento resistência de Itaituba, com um grupo de Munduruku da aldeia Sai Cinza, tudo isso deu oportunidade de troca de informações, testemunhos, debates e propostas sérias de busca de caminhos novos de resistência.

Deu pra sentir que os 400 participantes do festival sabem que a coisa é séria, a guerra está armada e não podemos esperar a casa cair para lamentar depois. Nossa grande força é a união das redes de militantes para enfrentar o monstro devorador que se aproxima.

  1. Dois encaminhamentos foram fechados ao final do festival em Juara:
  2. Cada uma das três organizações (Forum Teles Pires, Rede Juruena Vivo  e Movimentos Tapajós Vivo) fortalecerão suas alianças de grupos nas suas áreas, com uma estratégia definida de informação, consciência e enfrentamento;
  3. No próximo ano se realizará um encontro das três redes para formalizar uma união de forças a fim de segurar uma estratégia de solidariedade, onde uma rede apoia a outra nos momentos de maior enfrentamento. Um por todos e todos por um. Eis os nossos desafios urgentes.

 

Esta é uma análise pessoal a partir do que vivemos no encontro de Juara.

 

Autor: Edilberto Moura Sena

01/11/2016
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