A experiência 3D, assinada pelo cineasta Estevão Ciavatta, leva o usuário, graças à sábia orientação de um cacique indígena, a uma viagem extraordinária na maior floresta pluvial do mundo ameaçada pelo homem e pelas mudanças climáticas. O objetivo: divulgar a beleza, aproximar as pessoas, incentivá-las a cuidar desse pedaço da Criação.
Por Bianca Fraccalvieri – Vatican News
Um instrumento virtual para alertar sobre o real. E a realidade de que se fala é urgente: a preservação da floresta amazônica.
Esta é a finalidade do filme em 3D “Amazônia Viva”, uma experiência imersiva pela região do Rio Tapajós, no Estado do Pará, que utiliza filmagens em 360º para desvendar um dos lugares mais importantes do planeta e, assim, aproximar a Amazônia cada vez mais das pessoas.
Um guia especial
Com nove minutos de duração, a “viagem” é conduzida pela cacica Raquel Tupinambá, da comunidade de Surucuá. A liderança indígena guia virtualmente o espectador por um dos biomas mais relevantes, fascinantes e, infelizmente, ameaçados pela ação do homem. Primeiramente, sobrevoa-se a imensidão verde da floresta para, depois, adentrar por igarapés, admirando árvores centenárias, encontrando pássaros, mergulhando com as crianças pelo rio, fazendo inclusive um passeio de canoa. Impossível ficar alheio a tamanha beleza, riqueza e exuberância.
Objetivo do filme
“Então esta é a missão, o objetivo do filme: trazer a floresta para perto das pessoas e levar as pessoas para dentro da floresta, ainda que seja em termos virtuais”, explica Carlos Vicente, facilitador nacional da Iniciativa Inter-religiosa Pelas Florestas Tropicais (IRI Brasil), idealizador do projeto. O filme, de fato, será é uma das principais ferramentas que a IRI utilizará em seus programas de sensibilização, formação e engajamento de lideranças e comunidades religiosas sobre a preservação da Amazônia e a defesa dos povos indígenas.
A Amazônia tem um papel fundamental
E sua divulgação começou precisamente na COP27, no Egito. E para Carlos, esta Conferência foi muito importante para o Brasil, já que todas as nações do mundo estão preocupadas com o aumento das emissões, que estão produzindo o aquecimento do planeta. Há o risco de que o aquecimento ultrapasse o que foi estabelecido no Acordo de Paris, que é 1 grau e meio. Neste contexto, a floresta Amazônia tem um papel fundamental, porque – explica Carlos – “se nós continuarmos destruindo, queimando, emitindo CO2, grande parte dos esforços do mundo inteiro pode ser perdido”.
“Porque não adianta reduzir as emissões num lugar e, por exemplo, a floresta tropical continuar queimando e emitindo. Mas por outro lado, ela é extremamente importante pela enorme reserva que ela tem de água, de biodiversidade e de diversidade cultural que precisa ser preservada para o bem do Brasil e para o bem da humanidade.”
O eco da Laudato si’
Do Egito, o filme chegou ao Vaticano e, quem sabe, ao Papa Francisco.
“O Papa Francisco e a Laudato Si’ e a Igreja Católica têm a liderança neste tema do cuidado da Casa Comum, como o Papa Francisco chama, o cuidado com a natureza, o respeito pelas populações indígenas, as comunidades locais. E a Iniciativa Inter-religiosa ela se inspira basicamente nesta missão, esta missão que o Papa traz de que nós devemos cuidar da Criação, cuidar da natureza, e assim estamos cuidando de todos, não só da geração atual, mas também das gerações futuras.”
“E nada melhor do que fazer isso pelo caminho da arte, da cultura, da espiritualidade e também da educação. Tudo isso vem dessa inspiração incrível, que está na Bíblia e que foi tão bem traduzida pelo Papa Francisco na sua encíclica Laudato Si.”
Com efeito, o Pontífice cita a floresta tropical em sua encíclica Laudato Si’, definindo-a um dos “pulmões do planeta repletos de biodiversidade”.
Hora de agir
“A importância destes lugares para o conjunto do planeta e para o futuro da humanidade não se pode ignorar. Os ecossistemas das florestas tropicais possuem uma biodiversidade de enorme complexidade, quase impossível de conhecer completamente, mas quando estas florestas são queimadas ou derrubadas para desenvolver cultivos, em poucos anos perdem-se inúmeras espécies, ou tais áreas transformam-se em áridos desertos.”
Em outro documento, na Exortação Apostólica “Querida Amazónia”, Francisco declama sua poesia para a região em forma de quatro sonhos. Ali, escreve, “a água é a rainha; rios e córregos lembram veias, e toda a forma de vida brota dela”. É precisamente esta a experiência vivida no filme “Amazônia viva”.
*Com roteiro e direção do premiado cineasta Estevão Ciavatta, da Pindorama
Filmes, e financiamento do Instituto Clima e Sociedade (iCS), “Amazônia Viva” será disponibilizada gratuitamente para todos os interessados em promover a conscientização da proteção da floresta Amazônica dentro e fora do Brasil.
Fonte: Vatican News