Em meio à semana de atividades de diálogo e incidência política em defesa da Amazônia e do equilíbrio climático, em Brasília, a Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM-Brasil) realizou na manhã desta quarta-feira (22), na sede da Rede, uma roda de conversa para partilhar um pouco das agendas já realizadas e debater sobre os temas da Amazônia e o processo de incidência junto ao Congresso Nacional. O bate-papo reuniu a comitiva que está realizando as visitas e representantes de algumas instituições parceiras.
Dom Evaristo Pascoal Spengler, bispo de Roraima e presidente da REPAM-Brasil, fez a abertura do evento e convidou os participantes ao diálogo em busca ações e alternativas de incidência para pautar de defender a Amazônia e seus povos. “As visitas dessa semana têm nos alertado para o desafio que temos na incidência política na defesa da Amazônia. Além do Congresso, temos dificuldades com os governos estaduais, que hoje têm exercido uma forte pressão nas instâncias de Brasília”, chamou a atenção o bispo.
Irmã Maria Irene Lopes, Secretária Executiva da REPAM-Brasil e assessora da Comissão Episcopal para a Amazônia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CEA), fez uma contextualização, explicando que, incialmente, a proposta da roda de conversa era reunir alguns parlamenteares para o debate, mas, devido à pauta no Congresso, deputados e senadores não puderam participar. Contudo, a agenda foi mantida, explicou a religiosa, que partilhou sobre as atividades de incidência que estão sendo realizadas nesta semana. “Estamos com uma agenda intensa, desde segunda-feira, e estamos sendo muito bem recebidos nos espaços que estamos indo dialogar”, pontou Ir. Irene que sinalizou a grande responsabilidade para a REPAM-Brasil após esse movimento iniciado.
“O Congresso Nacional é uma incógnita, até temas que pensamos que poderíamos vencer, estamos perdendo”, alertou Melillo Dinis, assessor jurídico e de incidência política da Rede. Dinis, na roda de conversa, fez memória do caminho percorrido antes das agendas da semana em que a equipe da REPAM-Brasil ouviu as comunidades e parceiros, sistematizou os diálogos e necessidades apontadas nas escutas que, agora, se tornam subsídio para os diálogos com os Ministérios e órgãos de governo e sociedade civil que estão sendo visitados nessa semana. “O nosso problema é que só falamos com nossa bolha”, enfatizou o assessor apontando a necessidade de ampliar o diálogo com outras fontes que podem contribuir com a defesa dos temas que tocam a Amazônia.
“Nós que não somos amazônidas, não conhecemos a Amazônia. Temos um pré-julgamento das pessoas, dos seus comportamentos”, iniciou Sandra Paula Bonetti secretária de Meio Ambiente da Contag. Para Bonetti, as organizações populares não estão conseguindo se organizar e realizar um trabalho de formação das bases, o que tem implicado em ausência de lideranças e defesa das pautas sociais no Congresso. E alertou, “como é que a gente se organiza, não só como Igreja, mas reunindo outros parceiros que podem se somar conosco?”.
Para o secretário da REPAM-Brasil e bispo da prelazia de Itacoatira, Dom José Ionilton Lisboa, é preciso ampliar o processo de incidência. “O que estamos fazendo nos Ministérios, aqui em Brasília (DF), temos que fazer nas cidades e nos estados da Amazônia”, destacou o bispo. Ela reforçou, também, a necessidade de uma maior aproximação da Igreja com a banca católica presente no Congresso Nacional. “Se a bancada se elege em nome da Igreja, ela precisa estar alinhada com a Doutrina Social Igreja. Precisamos nos reunir com eles e dialogar”, afirmou Dom Ionilton.
Após a roda de conversas, a comitiva da REPAM-Brasil, seguiu para a agenda de diálogos do dia. Para hoje estão previstas reuniões no Ministério de Assistência Social e Combate à Fome e no Ministério do Desenvolvimento Agrário. As atividades de incidência seguem até a próxima sexta-feira (24).
Fonte: REPAM-Brasil