Fazer memória do caminho percorrido e analisar os principais desafios da realidade amazônica a partir das ameaças ao território são alguns dos objetivos que reúne os membros da Presidência da Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA) e da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM) na sede do Conselho Episcopal da América Latina e Caribe (CELAM), em Bogotá, nos dias 9 e 10 de fevereiro.
Por Paola Calderón Gomez
Apelando ao diálogo, CEAMA e REPAM trabalham para resgatar os valores da relação entre as duas instituições, sem medo de identificar as lacunas que foram detectadas até agora e que se tornam tarefas e compromissos para o futuro imediato.
Instituições complementares
Nas palavras do Cardeal Pedro Barreto, presidente da CEAMA, este encontro conscientiza do processo dinâmico de articulação e comunhão em que se encontram, a fim de conseguir uma maior participação da Igreja na Amazônia.
As presidências da Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA) e da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM) estão reunidas pela primeira vez presencialmente e isso mostra uma importante aproximação para definir a complementaridade dos organismos.
“A REPAM está no território, está em contato com as populações indígenas, com aqueles que vivem na Amazônia e sofrem na Amazônia; diante da exploração irracional dos recursos, da avalanche contra os direitos humanos e dos assassinatos de líderes ambientais em toda a extensão da Amazônia. Portanto, a Rede Eclesial Pan-Amazônica está nos nutrindo com a seiva das culturas e da religiosidade dos povos originários”, explicou o prelado.
“Enquanto a Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), aprovada pelo Santo Padre em 3 de outubro de 2022 como uma organização da Igreja Católica reconhecida canônicamente, reúne estes frutos da Rede Eclesial e os apresenta à Santa Sé, para colocar em prática todas as propostas do Sínodo Pan-Amazônico, realizado em outubro de 2019”, acrescentou.
Defendendo a vida
Na Amazônia, o clamor dos povos e da terra é histórico e agora muito mais evidente, graças ao trabalho das instituições que, a partir da Igreja e da sociedade civil, tedem a um acompanhamento direto e a partir de diferentes perspectivas às comunidades.
Dom Rafael Cob, presidente da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM), define a reunião como um marco histórico, considerando que é o primeiro encontro presencial entre as duas secretarias e presidências. “Conseguimos compartilhar este caminho durante este tempo, primeiro dos oito anos em que trabalhamos como a Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM) e com o caminho iniciado pela Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA)”.
“Creio que é importante ver as duas organizações como um matrimônio que caminha em unidade com o mesmo objetivo, que é, em última análise, orientado para a defesa da vida na Amazônia. Também entre os temas está a pastoral de conjunto para uma Igreja Amazônica. Estes dois pontos são o eixo transversal do encontro, assim como a análise das urgências e desafios da Igreja na Amazônia”, disse ele.
Formação
Tanto CEAMA quanto REPAM são instituições que baseiam sua existência nas necessidades de grupos sociais marginalizados e necessitados de real empoderamento através da conscientização e formação.
Assim, o objetivo comum das duas instituições é contribuir para a vida dos povos para que eles possam exercer sua liderança, em processos que lhes garantam o que é seu por direito e que durante décadas lhes foi negado, seja pela ausência da administração estatal, seja pelo desejo excessivo de indivíduos privados que buscam controlar e devastar os territórios que representam uma fonte de riqueza.
Durante o encontro, se refletirá sobre o itinerário que as organizações devem seguir para fortalecer sua identidade, assumindo aspectos comuns que as unem na missão e que necessariamente as levam a liderar processos de conscientização dentro da Igreja que ressaltem a importância de seu papel e a marca do Papa Francisco para construir uma Igreja “em saída”, plenamente identificada com as dores das periferias.
Metodologias claras
Outra prioridade na agenda da reunião será determinar como, ou seja, as formas mais apropriadas e possíveis de responder conjuntamente às necessidades sociais e pastorais dos povos amazônicos e dos povos originários. Esta é uma tarefa desafiadora para ambas as organizações.
Após a análise destas realidades, espera-se que surjam propostas destinadas a fortalecer os laços que devem ser tecidos entre as duas instituições e as Conferências Episcopais dos diferentes países e as jurisdições eclesiásticas. Na prática, este trabalho envolve a criação de um banco de dados que será uma ferramenta eficaz para a Igreja Amazônica e fará parte das ações do plano de pastoral de conjunto que ajudará a promover os processos de articulação.
Espera-se também que a reunião seja concluída com uma agenda comum de ações que favoreçam, entre outros aspectos, o fortalecimento dos observatórios pastoral e socioambientais da Amazônia.
Fonte: ADN Celam / Tradução: Júlio Caldeira/REPAM