Bolívia: denunciam atividade mineradora ilegal na Reserva Nacional Manuripi

De acordo com as informações fornecidas pela Agência de Notícias FIDES, o presidente da comunidade indígena Tacana Buenaventura, Winston Maeda Antezana, afirmou que cerca de 120 balsas se deslocaram de Riberalta para a reserva nacional, em dezembro passado, com o objetivo de promover a exploração de ouro.

Por equipe de comunicações da REPAM

A Reserva Nacional de Vida Silvestre Amazônica Manuripi abrange uma área superior a 700 mil hectares de floresta; seu território abriga uma grande quantidade de fontes hídricas, espécies da fauna classificadas em perigo de extinção e diversos povos indígenas (Yine, Esse Ejja, Cavineño, Yora, Pacahuaras, Yaminahua e Manchineri). Na última semana, Regis Richter, governador do departamento de Pando, denunciou a entrada de balsas mineradoras na área protegida, um ato que ameaça o equilíbrio do ecossistema e sua biodiversidade.

Entrada das balsas

Sebastián Divico, deputado nacional pelo departamento de Pando, comentou sobre esse fato, apontando que “há quatro empresas concessionárias que têm permissão para realizar a exploração” especificamente em uma área do rio Madre de Dios. Sair das áreas concedidas às empresas e adentrar outras fontes hídricas ou selvas significa um ato ilícito. O próprio deputado destacou que o Serviço Nacional de Áreas Protegidas (SERNAP) aponta que são ex-funcionários da entidade os envolvidos nesta prática, como uma represália por sua demissão.

Da comunidade indígena Tacana Buenaventura, liderada por seu presidente Winston Maeda, foi informado que cerca de 120 balsas chegaram de Riberalta desde dezembro de 2024 para iniciar a exploração de ouro. Vale destacar que a Reserva Manuripi é considerada a área protegida de maior importância para o norte boliviano. Por um lado, a diversidade biológica da área protegida contribui de maneira significativa para a preservação da vida; por outro lado, um número considerável de famílias depende da colheita de castanha (realizada dentro da reserva) como principal atividade econômica.

Autorização de atividades

Lideranças indígenas, vinculadas à Coordenadora Nacional de Defesa de Territórios Indígenas Originários Campesinos e Áreas Protegidas, destacaram que há uma permissividade por parte do estado boliviano frente à mineração ilegal e ao contrabando de combustível. A coordenadora, o Ministério de Meio Ambiente e Águas e o Serviço Nacional de Áreas Protegidas (SERNAP) foram apontados por autorizar ações proibidas dentro das áreas protegidas; também foi destacado que foram identificados casos em que diretores de áreas protegidas emitem certificados de exploração.

As lideranças indígenas apontaram que é necessário incentivar a sociedade civil a assumir um papel ativo na proteção do meio ambiente, de acordo com a Constituição Política do Estado de 2009. Ressaltaram que este é o momento certo para a população exigir mudanças e criar as bases para um futuro distinto na gestão e administração das áreas protegidas.

Fonte: Agencia de Noticias FIDES

29 de janeiro de 2025