“Uma verdadeira abordagem ecológica sempre se torna uma abordagem social, que deve integrar a justiça (justiça social e justiça ambiental e intergeracional) nos debates sobre o meio ambiente, para ouvir tanto o clamor da terra como o clamor dos pobres “. Papa Francisco, Laudato Si, 49.
Por Juacy da Silva
No último dia 17 de setembro foi estruturada a Pastoral da Ecologia Integral da Arquidiocese de Cuiabá, a primeira da Região Centro Oeste e da pré-Amazônia.
O arcebispo, Dom Mário Antônio da Silva abençoou o Grupo e fez o ENVIO, dando o reconhecimento oficial desta que é uma Pastoral integradora e que tem como objetivo principal “Evangelizar, integrar e promover um melhor cuidado com a Casa Comum, seguindo os passos de uma Igreja Sinodal, samaritana, profética, com opção preferencial pelos pobres, através de ações sócio transformadoras, reduzindo a degradação ambiental, urbana e rural, promovendo “um novo modelo de estar e viver no mundo”, como nos exorta e recomenda o Papa Francisco na Encíclica Laudato Sí.
As ações da Pastoral da Ecologia Integral deverá orientar-se, também, por seus seis objetivos específicos, assim estabelecidos:
1. Incitar o exercício da espiritualidade ecológica;
2. Despertar a consciência e a responsabilidade das pessoas quanto à importância de um melhor cuidado com a Casa Comum (Planeta Terra) e colaborar na formação de agentes de pastorais para uma visão da ecologia integral;
3. Excitar mudanças de hábitos, estilos de vida sustentáveis, combatendo o desperdício, o consumismo e a economia do descarte e fomentar a economia solidária, a agrologia, a economia circular e a reciclagem;
4. Combater todas as formas de poluição, defender a biodiversidade, o solo, as águas e as florestas;
5. Incentivar o uso de fontes renováveis de energia e a redução de combustíveis fósseis;
6. Estimular ações integradas entre as diversas pastorais e dessas com organismos governamentais e não governamentais, incentivando e apoiando ações sustentáveis dentro e fora da Igreja.
As áreas de ação da Pastoral da Ecologia Integral são três:
– Educação ecológica e a defesa dos Ecossistemas e Biomas;
– Formar agentes para participação em Conselhos de Meio Ambiente, Comitês de Bacias, fóruns e organizações de defesa do meio ambiente e dos biomas;
– Participação em espaços definidores de políticas públicas, estratégias e planos de meio ambiente, principalmente no combate ao desmatamento, às queimadas e à degradação Ambiental, que provocam mudanças climáticas.
Cabe também, nesta oportunidade, explicitar quais são os fundamentos que embasam as ações da Pastoral da Ecologia Integral, considerando que a mesma representa uma dimensão integradora e evangelizadora da Igreja.
Esses fundamentos são os seguintes: Textos sagrados (Biblia Sagrada), Doutrina Social da Igreja, Encíclicas de diferentes Papas e os diversos documentos da Igreja como o Documento de Aparecida e o recente Documento de Santarém (revisitado após 50 anos do encontro dos Bispos da Amazônia realizado de forma pioneira em 1972); as Encíclicas Laudato Si, Fratelli Tutti, Exortação Apostólica Minha Querida Amazônia; a Economia de Francisco e Clara; o Pacto Global pela Educação, os diversos pronunciamentos do Papa Francisco sobre questões sócio Ambiental, como seus três “Ts“: Terra, Teto e Trabalho e as contribuições de estudos, pesquisas e documentos científicos de organismos nacionais e internacionais relacionados com a crise socioambiental que tanto ameaça nosso planeta.
Assim, concluímos uma etapa da caminhada e estamos dando inicio a uma outra etapa, com vistas a conhecer a realidade sócio ambiental do território da Arquidiocese de Cuiabá, de suas paroquias e comunidades.
A Pastoral da Ecologia Integral da Arquidiocese de Cuiabá, está aberta para a participação de pessoas, independente da vinculação religiosa, pois possui caráter ecumênico, inter religioso, independente também da formação profissional, idade, sexo ou visão de mundo, bastando apenas aceitar seus princípios, valores e objetivos e estejam comprometidas com a Justiça Social , a Justiça Ambiental e a Justiça intergeracional e um melhor cuidado com a Ecologia Integral, no contexto de que “tudo está interligado, nesta Casa Comum”.
Vale a pena também destacar que a Missão desta Pastoral é “despertar nos cristãos e não cristãos, a consciência da gravidade da crise socioambiental e a necessidade de um melhor cuidado com a “casa comum”, promovendo a conversão ecológica, como condição necessária para enfrentar os desafios que estão presentes na atualidade no Brasil e nos demais países, condição fundamental, para que seja atingida a tão sonhada cidadania ecológica.
Esta Pastoral, apesar da urgência e da gravidade da crise socioambiental que estamos vivendo no momento, tem um uma VISÃO de que a esperança é possível, ou seja, o ser humano, as pessoas que orientam suas ações pelo bem comum e não por interesses imediatos e a ganância que tudo destrói, podemos sonhar em construir um mundo novo, uma nova realidade que é a sociedade do bem viver, respeitando e cuidando melhor do meio ambiente, através de novos paradigmas e novos modelos sócio econômicos e culturais que respeitem as pessoas, principalmente os trabalhadores, a natureza e os limites do planeta. Precisamos pensar globalmente e agirmos localmente.
Oxalá, Deus abra o coração, a consciência e o discernimento das pessoas para que haja muitas conversões ecológicas, forma de repararmos os pecados ecológicos que a cada dia estão mais presentes entre nós, só assim, poderemos atingir a verdadeira cidadania ecológica e a justiça inter geracional. Afinal, não podemos destruir a biodiversidade, os ecossistemas e deixarmos um enorme passivo ambiental, IMPAGÁVEL, para as próximas gerações.
Fonte: Regional Oeste 2