A REPAM pede para que sejam feitos todos os esforços possíveis para garantir que a agonia desse bioma e de seus povos sejam ouvidas e exige que medidas concretas e com monitoramento permanente para que se cumpram as promessas de financiamento pelas perdas e danos que se pactuaram na COP 27.
Por Comunicação REPAM
A Rede Eclesial Pan-Amazônica nasceu há quase dez anos, desde então a situação na Amazônia vem se tornando cada vez mais grave, chegando próximo a um ponto de não retorno. Profundamente aflitos/as pela agonia desse bioma e de seus povos, conscientes de sua importância para o planeta, expressamos nossa preocupação em relação:
1. À crise climática e ao colapso sistêmico na Amazônia, com recentes períodos de calor incomum, incêndios descontrolados, a seca severa, com níveis nunca registrados dos rios e lagos, isolando inúmeras comunidades e deixando milhares de pessoas sem acesso a água potável e serviços de saúde, educação e alimentação.
2. Ao extrativismo predatório, desmatamento acelerado, concessões, hidrovias, projetos hidrelétricos e rodovias que são implementados sem consulta prévia, livre e informada à população. A expansão da fronteira agrícola, as monoculturas e o agronegócio causam uma gigantesca perda de biodiversidade, impedem os modos de produção locais e ameaçam a soberania alimentar. O uso de agrotóxicos e mercúrio polui as fontes de água, o ar e o solo, afetando o acesso aos recursos naturais e causando doenças graves na população.
3. Ao desenvolvimento minero-energético na Amazônia, sobreposto às áreas protegidas e aos territórios comunitários, que ameaça à integridade cultural e territorial dos povos indígenas, ribeirinhos e quilombolas, sendo ainda mais preocupante a situação dos povos em contato inicial e em isolamento voluntário.
4. Às falsas soluções da economia verde, com a promoção de créditos de carbono e a mercantilização da biodiversidade da Amazônia, sem contribuições efetivas para a mudança necessária.
5. Ao narcotráfico, atores armados legais e ilegais que ameaçam e assassinam os defensores e defensoras dos direitos humanos e ambientais. A proteção dessas lideranças deve ser uma prioridade, inclusive com a implementação e a ratificação do acordo de Escazú. Também estamos preocupados com o aumento do feminicídio, a perda de perspectivas e os suicídios entre os jovens.
Confira o comunicado na íntegra: