Encontro formativo na Tríplice Fronteira fortalece processos comunicativos Pan-Amazônicos

Entre os dias 30 de junho a 02 de julho, a cidade de Assis Brasil, no estado do Acre, recebeu comunicadores da tríplice fronteira Brasil-Peru-Bolívia para uma oficina de formação e articulação da Rede

Por Vanessa Xisto – REPAM

A formação para comunicadores na fronteira Pan-Amazônia entre Bolívia, Brasil e Peru, realizada de 30 de junho a 2 de julho em Assis Brasil, foi promovida pelo núcleo de comunicação da Rede Eclesial Pan-Amazônica – REPAM e contou com a participação de 15 participantes.

O objetivo do encontro é fortalecer a comunicação Pan-Amazônica nesta tríplice fronteira, visando o maior compartilhamento de experiências de produção, formação e articulação de iniciativas e experiências de comunicação com rosto amazônico.

Problemáticas da fronteira

A oficina prática do encontro, moderada por Joelma Viana, Vanessa Xisto e Rodrigo Fadul, foi mostrar a realidade desde as problemáticas vividas nestes territórios da fronteira. Cada equipe foi direcionada a fazer uma matéria jornalística e mostrar de forma visual e audiovisual os desafios socioambientais enfrentados pelas populações locais, especificamente de Iñapari (Peru) e Assis (Brasil).

Entre os vários problemas socioambientais encontrados, podemos destacar a falta de água potável, energia e a inexistência de saneamento básico, bem como os desafios que acometem as comunidades de Nueva Iñapari e a forte presença dos povos indígenas que estão abandonados no município de Assis Brasil. Outro desafio é a situação vivida pelos migrantes que passam pela casa de passagem todos os dias, sem previsão de retorno para as suas casas.

O encontro possibilitou que essas problemáticas socioambientais, encontrados nesta tríplice fronteira, fossem relatados em notícias escritas, radiais e em vídeo reportagem. Esses conteúdos podem ser acessados nos links abaixo.

Formação de comunicadores

O trabalho do Núcleo de Comunicação da REPAM busca contribuir para a transformação social. Contudo, isso só é possível quando uma comunidade coloca todo o seu potencial comunicativo a serviço da promoção do bem viver social, político, econômico, religioso, cultural e ambiental de seus integrantes e de seu entorno. Para isso, é preciso organizar a comunicação, formando pessoas que levem adiante os processos comunicativos e transformadores, com incidência estratégica junto ao público em geral.

O principal fim deste e outros processo da Rede é construir uma comunicação a serviço de uma autêntica cultura do encontro, voltada para provocar, estimular e apoiar o processo de transformação social na fronteira. Os participantes devem, junto a suas comunidades, na realidade local e com as habilidades e competências que possuem, replicarem essas técnicas e processos dentro da sua comunidade.

Talisson Gomes, comunicador da diocese de Rio Branco, Brasil, faz um relato da sua experiência:

“Foram três dias intensos de aprendizados, conhecendo a novas pessoas, novas culturas. Espero que nos próximos encontros também possamos estar e mostrar essas diferentes realidades, principalmente em áreas tão próximas, mas com realidades distintas, realidades extremas que vive o povo que sofre por questões de falta de acompanhamento público. Vemos que a igreja está aqui presente para mostrar essa realidade. Quero parabenizar a Rede e o trabalho que vem realizando aqui na fronteira. A gente leva conhecimentos e a noção de quanto que o povo precisa da igreja e do poder público. Com esse trabalho nós podemos levar aprendizado para o povo”.

Carmen Julia Luján, da agência digital de notícia Fides, da Bolívia, expressa a importância de conhecer e comunicar o que passa nesta tríplice fronteira:

“Este encontro nos ajudou a conhecer a realidade da tríplice fronteira da qual nós também fazemos parte como Bolívia. A participação de bolivianos com o tema migratório e povos indígenas é muito importante. Participar deste encontro e conhecer as realidades que ouvíamos falar, mas que não conhecíamos na prática; foi meu primeiro contato nessa experiência. Como comunicadores trabalhamos para que este conhecimento, vivenciado nesta experiencia muito linda de contato com missioneiros que vivem essa realidade, nos ajudam como comunicadores, a contar estas histórias”.

Grupo 1 – Indígenas na cidade
Grupo 2 – Saneamento básico
Grupo 3 – Migração na fronteira

Rede de Comunicadores

O secretário adjunto da REPAM, Rodrigo Fadul, avalia o encontro de comunicadores na fronteira:

“Sabemos que o trabalho na Amazônia é complexo e exige dedicação, custo financeiro, dias e horas de locomoção e valorizamos cada um que esteve presente. Nós valorizamos cada um que esteve presente e a dedicação para contar as histórias que foram conhecidas no trabalho de campo. Os participantes se dedicaram bastante e entregaram um bom material sobre a coleta que foi feita. Agora a REPAM sabe que conta com mais comunicadores e comunicadoras para somar na rede aqui na tríplice fronteira”.

O encontro é uma oportunidade para que os comunicadores possam se conhecer melhor e fortalecer a troca de experiências e vivências comunicativas e culturais transfronteiriças. A partir desse conhecimento, concretiza-se o fortalecimento das alianças interinstitucionais, as REPAMs Nacionais e os demais comunicadores que conformam a Rede Pan-Amazônica.

Fonte: REPAM