Manifesto pela vida por ocasião dos 18 anos desde assassinato de irmã Dorothy Stang

Foto: Reprodução/Rádio Vaticano

A data de hoje, 12 de fevereiro de 2023, marca o 18º aniversário do assassinato de Dorothy Stang. Sua morte deixou um profundo impacto naqueles que a conheceram e amaram, e sua memória continua viva nos corações de muitos.

Por Comissão Pastoral da Terra – CPT

Como agente da Comissão Pastoral da Terra, ela trabalhou incansavelmente para alertar sobre a importância de preservar a Amazônia. Dorothy foi uma defensora corajosa da justiça social, particularmente na luta pelos direitos à terra. Ela dedicou sua vida a ajudar comunidades marginalizadas na Amazônia brasileira, muitas das quais enfrentavam deslocamento e violência como resultado da extração ilegal de madeira e da expansão do agronegócio.

Dorothy acreditava profundamente na importância de dar voz aos pobres da terra e trabalhava incansavelmente para promover os direitos de pequenos e pequenas agricultores e agricultoras, e das comunidades rurais.

Seu compromisso com essas causas a colocou em conflito com interesses poderosos, por seu ativismo ela foi assassinada no ano de 2005. No entanto, seu legado continua vivo e sua memória continua a inspirar aqueles e aquelas que trabalham para promover a justiça social e proteger os direitos dos mais vulneráveis.

Hoje, no 18º aniversário de seu assassinato, vamos lembrar a coragem e determinação de Dorothy Stang e redobrar nossos esforços para promover a causa da justiça social e dos direitos à terra para todes. #DorothyStang.

Leia o Manifesto pela vida por ocasião dos 18 anos desde assassinato de irmã Dorothy Stang:

MANIFESTO PELA VIDA POR OCASIÃO DOS 18 ANOS DESDE ASSASSINATO DE IRMÃ DOROTHY STANG

Irmã Dorothy Stang dedicou a sua vida respondendo a este apelo evangélico, lutando por vida. Em 2023 faz 18 anos que a tirania, a violência e a ganância assassinaram a irmã Dorothy.

Essa mesma violência hoje mata os Yanomami e outros povos indígenas. Expulsa comunidades tradicionais dos seus territórios ancestrais, envenena a terra e as águas. Destrói as florestas com motosserras e fogo.

Diante desta realidade, nós, Irmãs de Notre Dame de Namur, junto com várias outras pessoas deste país que querem ser testemunhas do amor generoso de Jesus – que trabalhou para que não houvesse fome nem dor – reafirmamos o nosso compromisso de não descansar enquanto não houver justa distribuição das bondades da terra entre as filhas e os filhos de Deus.

Nós, que assinamos este manifesto, DENUNCIAMOS as injustiças perpetradas contra os Yanomami e outros povos originários e tradicionais, como também contra comunidades camponesas de agricultores familiares espalhadas por todo o Brasil e EXIGIMOS:

A imediata retirada de todos os garimpos de dentro das terras indígenas e de qualquer outro lugar em que estejam causando destruição e violência à vida;
A retomada urgente dos processos de homologação de Terras Indígenas que ficaram paralisados durante estes últimos anos;
A retomada dos processos de reconhecimento e titulação de territórios quilombolas;
A retomada dos processos de regularização fundiária dos territórios ribeirinhos e de
outras comunidades tradicionais, principalmente na Amazônia;

A retomada dos processos de criação de assentamentos de famílias de agricultores familiares;
Punição dos que cometeram e continuam cometendo todo tipo de crime contra estes povos e contra a Mãe-Terra, nossa Casa Comum.
Senhores/as senadores/as, senhores/as deputados/as federais, senhor presidente da República: é a vocês que está sendo feita esta exigência.

Senhores deputados/as estaduais, senhor governador do estado: é também a vocês que dirigimos estas exigências.

Não arredaremos o pé! Não descansaremos enquanto não for feita justiça a estes povos.

Em nome de Jesus de Nazaré, a quem seguimos, e em memória dos nossos queridos e das nossas queridas que foram mortos pela violência dos poderosos e pela negligência do estado brasileiro, nós exigimos:

Trabalhem pelo Brasil e pelo povo brasileiro, e não por seus interesses particulares!

Assim nos posicionamos, de pé e com firmeza, neste dia 12 de fevereiro, em memória da nossa irmã Dorothy Stang que há 18 anos foi cruelmente assassinada enquanto lutava pela vida da floresta e do povo que dela vive.

Fonte: CPT