Hoje, as mulheres indígenas têm um papel importante. A maioria dos povos indígenas na Amazônia tem sido liderada por elas, que têm uma visão ampla transmitindo sua história, suas tradições, revalorizando e resgatando seus costumes, na defesa da terra, do território e dos seus recursos naturais.
Por Núcleo Mulheres e Amazônia / REPAM
As comunidades indígenas são as defensoras da Vida na Amazônia. Desempenham um papel importante e são fundamentais na defesa dos seus territórios, da sua cultura, da sua língua e da preservação da história dos seus povos.
A interconexão que existe dentro do território está entrelaçada com a própria vida, e em todo esse processo “as mulheres” participam. É por isso que, ter seus territórios roubados equivale a roubar o filho de uma mãe; é arrebatar e tirar as suas vidas.
Liderança feminina
Hoje, as mulheres indígenas têm um papel importante. A maioria dos povos indígenas na Amazônia tem sido liderada por elas, que têm uma visão ampla, transmitindo sua história, suas tradições, revalorizando e resgatando seus costumes, na defesa da terra, do território e de seus recursos naturais.
Apesar disso, nem todas as suas contribuições culturais são transmitidas ou podem ser transmitidas. Há recusa em aceitar “os conhecimentos ancestrais”, por exemplo, na medicina tradicional, aproveitando os recursos da flora que se encontra em seus territórios. Apesar do importante papel que desempenham dentro da comunidade, não se pode negar que, apesar desses avanços, ainda existem barreiras que as impedem de se desenvolverem plenamente.
Falar da defesa do território por parte das mulheres indígenas é falar dos direitos dos povos indígenas. Mas, também, dos direitos que as protegem como mulheres, as normas nacionais e convenções internacionais de direitos humanos que são utilizadas pelas líderes como marco para sua ação como defensoras e apresentação de suas demandas específicas.
Defensoras dos direitos
Nas últimas décadas, viu-se que um ato chave para fazer prevalecer os direitos dos povos é o “Estado”, que deveria velar e assegurar o respeito aos direitos de seus territórios. Entretanto, testemunhamos como o “Estado” sobrepõe direitos de terceiros aos direitos de uma comunidade indígena, como no caso do Povo Yine.
Nessa realidade, apesar dos anos da comunidade, seu território foi dado a um terceiro em concessão, sobrepondo outros tipos de interesses, espoliando os “comuneros”, deixando-os sem terra. É um exemplo de não valorização da vida de um povo, dos seus costumes, da sua origem, da sua contribuição cultural; é enterrar em vida um povo originário e toda a vida que gira à sua volta.
Diante desse atropelo, as mulheres indígenas levantam suas vozes, para serem ouvidas, exigindo que seus direitos sejam respeitados em busca de leis e políticas que adotem um enfoque holístico para abordar as formas múltiplas e interconectadas de discriminação que enfrentam.
Gestoras de vida
O respeito aos direitos dos povos indígenas à autodeterminação, aos seus territórios é uma condição prévia para garantir o direito das mulheres indígenas a uma vida sem qualquer forma de discriminação e violência, compreendida a partir dos direitos individuais e coletivos que as protegem e que estão interligados.
O medo das mulheres que cuidam do seu território diante das ameaças por parte de terceiros que procuram destruir os seus recursos, que poluem as suas águas e terras, que derrubam a sua floresta, têm de acabar. Esse trabalho não apenas de defensoras do meio ambiente, mas também como defensoras da vida, como transmissoras da cultura e forjadoras de novas vidas deve ser reconhecido.
Os territórios indígenas têm sido geridos por mulheres; no entanto, elas ainda têm o desafio de conquistar acesso a mais espaços em diferentes níveis onde possam ser ouvidas.
Calendário 2023: Guardiãs do Território
O Calendário das Mulheres da Amazônia 2023, “Guardiãs do Território”, confirma nossa sinodalidade e leva à reflexão sobre nossa missão como mulheres defensoras da vida e lutando pela garantia de direitos para as gerações futuras.
Expressamos esse tema a partir da arte da fotografia, com fotos de nossas companheiras defensoras do território e de suas narrativas para nos inspirar nesse trabalho. Esperamos que gere espaços para compartilhar vida e ações, e que estas gerem vida e transformação.
Acesse o calendário aqui: Calendário 2023: Mulheres da Amazônia, Guardiãs do Território – Repam