Em Iquitos, cidade amazônica do norte peruano, foi aberto o III Encontro da Rede Itinerante sob o lema “verão seu rosto e levarão seu nome na testa”. Os integrantes da rede refletem sobre a itinerância, a vulnerabilidade e o cuidado da Amazônia.
Por Comunicação REPAM
Esta equipe, animada conjuntamente pela Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM) e pela Confederação Latino-Americana de Religiosos (CLAR), acompanha diversos processos em distintas comunidades da Amazônia, com o objetivo de oferecer um acompanhamento constante aos povos que a habitam, amplificando os gritos e desafios que se apresentam em cada cenário possível.
O encontro, que se estenderá até o próximo dia 21 de setembro, conta com a participação das equipes itinerantes do: Vicariato Apostólico de Iquitos, Vicariato Apostólico de San José do Amazonas, Vicariato Apostólico de Puerto Maldonado, Vicariato Apostólico de Puerto Leguizamo-Solano, núcleo interinstitucional de Manaus, a tríplice fronteira Brasil-Colômbia-Peru, a zona da Chiquitanía boliviana e a Comunidade Intercongregacional da Rede Eclesial do Grande Chaco e Aquífero Guarani (REGCHAG).
A abertura teve um momento significativo de oração, no qual os mais de 50 participantes confirmaram sua resposta positiva ao chamado que é feito a partir da itinerância para trabalhar em favor dos povos da Amazônia. A representação da Secretaria Executiva da REPAM esteve a cargo de Diego Gomes Aguiar, que agradeceu a disposição daqueles que compõem a rede para se reunir em Iquitos; ele também reafirmou o compromisso, assumido pela REPAM durante a celebração de seus 10 anos, de continuar acompanhando os processos que se desenvolvem na Amazônia (entre eles a própria Rede Itinerante).
Em outro momento, Mons. Miguel Ángel Cadenas, bispo do Vicariato Apostólico de Iquitos, se referiu ao panorama desalentador que a selva amazônica vive nos últimos meses. O bispo manifestou a preocupação gerada pela posição que setores governamentais assumem, aproveitando-se dos estragos da forte seca, para motivar a implementação de projetos que atentam contra o bem-estar do bioma; um exemplo disso são os pronunciamentos que foram feitos à opinião pública sobre a reativação do projeto da hidrovía amazônica.
Estiveram presentes também Mons. David Martínez de Aguirre, bispo do Vicariato Apostólico de Puerto Maldonado, e Mons. Martín Quijano, bispo do Vicariato Apostólico de Pucallpa, que se referiram à necessidade de abordar os problemas gerados pelas queimadas massivas que têm ocorrido nas últimas semanas dentro do bioma amazônico; regiões como Madre de Dios e Ucayali no Peru (zona de trabalho para os vicariatos de Puerto Maldonado e Pucallpa) mantêm cifras preocupantes em relação à queima de florestas; uma situação que, além de gerar imensos danos ambientais, dá origem a uma série de problemas sociais e cenários de violação de direitos.
Durante a manhã, destacou-se a realidade social e eclesial que se vive nas zonas de influência da Rede Itinerante, particularmente nos territórios onde atuam os vicariatos de Iquitos e San José do Amazonas. À tarde, o trabalho em grupos permitiu reconhecer as necessidades e experiências destacadas que se mantêm em diversas áreas da nossa Amazônia em relação à evangelização, ao acompanhamento em processos sociais, à realidade dos povos indígenas, à situação ambiental e às manifestações culturais. Destacou-se a inspiração que a parábola do bom samaritano traz aos participantes e o desejo de fortalecer a construção da Igreja com rosto amazônico.