Aos poucos, o Povo Ticuna, o mais numeroso da região amazônica, vai fazendo realidade uma Igreja com rosto Indígena. Um passo a mais foi dado de 23 a 27 de fevereiro de 2022, no encontro de formação em nível diocesano que aconteceu em Belém do Solimões.
Por Luis Miguel Modino
Fazer realidade uma Igreja com rosto amazônico e rosto indígena foi um dos incentivos do Sínodo para a Amazônia, um caminho que em alguns lugares da Amazônia já está sendo trilhado há bastantes anos.
Um desses lugares é a Paróquia São Francisco de Belém do Solimões, na Diocese de Alto Solimões. Aos poucos, o Povo Ticuna, o mais numeroso da região amazônica, vai fazendo realidade uma Igreja com rosto Indígena. Um passo a mais foi dado de 23 a 27 de fevereiro de 2022, no encontro de formação em nível diocesano que aconteceu em Belém do Solimões.
208 ticunas entre Ministros da Palavra, Catequistas e Agentes do Dízimo, jovens e adultos, viveram uma intensa formação bíblica na língua materna. Fizeram-se presentes 21 comunidades de 5 paróquias da Diocese do Alto Solimões, de Santo Antônio do Içá até Benjamim Constant.
O encontro foi um momento vivido com compromisso, envolvimento, participação, oração, dinâmicas, teatros, seriedade, cantos, alegria, união, segundo expressam os organizadores. Mas o grande passo dado, que significa um grande avanço no caminho de uma Igreja com rosto indígena, foi firme decisão e compromisso unanime de traduzir a Bíblia em Ticuna. O primeiro passo será dado com a tradução do Evangelho de São Marcos, distribuindo esta nova missão bíblica em diversas comunidades.
Dom Adolfo Zon, bispo da Diocese de Alto Solimões, destaca que “frei Paolo Braghini, seguindo as Diretrizes da CNBB e a Exortação Apostólica pós-sinodal Querida Amazônia, através desses encontros está criando as condições para que o Povo Ticuna possa contribuir a realizar o sonho da inculturação da Palavra de Deus em sua cultura”.
Segundo o bispo, “depois de ter traduzido a Bíblia das crianças em língua Ticuna, que está sendo utilizada na Catequese, quer agora, tendo como fundamento uma Bíblia em língua Ticuna que já existe no Peru, fazer una versão própria do Novo Testamento iniciando pelo Evangelho de Marcos com a grafia dos Ticunas do Rio Solimões para usa-la na Liturgia da Palavra”. Dom Adolfo afirma que “esse processo precisa de tempo e de um bom número de colaboradores, pois exige várias revisões para chegar na redação final”.
O Povo Ticuna agradece aos freis Capuchinhos, as Irmãs da Imaculada e aos tantos formadores e formadoras ticunas pela doação nestes dias intensos. É o compromisso dos missionários e missionárias e das lideranças locais que ajuda a tornar realidade essa Igreja com rosto indígena, um grande desafio que deve ser enfrentado com forte compromisso.
2022 está sendo um tempo importante na Paróquia São Francisco de Assis de Belém do Solimões, com a celebração do Ano Vocacional Capuchinho, que está sendo vivenciado como momento para agradecer a Deus pelos tantos freis missionários que evangelizaram nesta região amazônica e continuam esta missão. Desde as comunidades ticunas, agradecidas com essa entrega missionária, se comprometem também em pedir ao dono da Messe que envie mais operários para a sua messe.