As regiões de fronteira representam sempre um risco mais elevado para as vítimas de tráfico humano. O combate a este crime é um desafio para a Rede de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas na Tríplice Fronteira – RETP do Brasil, Peru e Colômbia. A fim de avançar neste caminho, desenvolveu um seminário, com o apoio da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM) e a Caritas da Diocese de Alto Solimões, com o objetivo de contextualizar e gerar estratégias para enfrentar este problema que afeta os mais vulneráveis.
Por Luis Miguel Modino
Realizado em Tabatinga (AM), de 2 a 4 de setembro, reuniu 65 pessoas dos três países, com 16 localidades representadas no total. Um encontro que teve como primeiro passo a partilha de conhecimentos anteriores relacionados com o tráfico, permitindo aos participantes reconhecer o problema como uma questão que afeta milhões de pessoas no mundo. Dalila Figueiredo e Graziella Rocha, membros da Associação Brasileira de Defesa da Mulher, da Criança e da Juventude (ASBRAD), estiveram presentes para assessorar os participantes.
Após partilharem sobre a realidade do tráfico na região da Tríplice Fronteira e no mundo, os participantes tiveram a oportunidade de aprender conceitos básicos sobre esta realidade. Na apresentação destes conceitos, foi dada ênfase ao objetivo deste crime como a intenção de exploração e lucro; a intenção do traficante de deslocar a vítima entre países ou cidades com o objetivo de a destacar da sua zona de proteção, a exploração dos sonhos das vítimas, bem como o risco provocado nas pessoas pela vulnerabilidade local, como a ausência de emprego ou vulnerabilidades pessoais, como ser vítima de violência.
Isto deu lugar ao trabalho em grupo, seguindo os critérios de origem geográfica, buscando reunir os casos de tráfico que ocorrem com mais frequência nas suas localidades. Com base nesta informação, cada um dos grupos dramatizou tudo isto em plenário, procurando colocar em perspectiva os casos e as formas como estes crimes ocorrem. Estas apresentações foram complementadas pela análise das assessoras do encontro, a fim de ajudar a identificar as diferentes formas de trabalho dos traficantes.
Quando se tratou de abordar estratégias, foram apresentadas as diferentes legislações em cada um dos três países. Os participantes procuraram chegar a acordos, sublinhando a importância da cautela e da utilização de canais formais para a apresentação de queixas, bem como cuidar da vítima e respeitar as suas decisões e desejos. No final do seminário, cada grupo apresentou ações que se comprometeram a realizar em cada local.
Um seminário que foi uma fonte de alegria, nascido do fato de ter conhecido diferentes culturas, mas também de encontrar compromissos para levar a cabo ações de prevenção e enfrentamento do tráfico humano. Foi um momento de enriquecimento pessoal, como os participantes reconheceram, mas sobretudo um momento de reforço para continuar o trabalho que a RETP iniciou.
Fonte: CNBB Regional Norte 1