O Dia Internacional da Juventude é uma oportunidade para destacar os valores, a força e o desejo de um mundo diferente existentes na juventude da nossa Pan-Amazônia. A Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM) entende a necessidade de acompanhar e continuar fortalecendo os processos juvenis interligados com a Ecologia Integrada em cada território da nossa querida Amazônia.
Por Oscar Tellez / REPAM
Em diferentes cenários sociais, culturais e políticos, o papel dos jovens como agentes de mudança e desenvolvimento tem sido destacado. A extensão da floresta amazônica não ficou alheia a isso e encontramos uma série de experiências significativas que respondem à construção positiva que os jovens realizam em prol de seus territórios. A Pan-Amazônia é uma região de vital importância para o planeta; a preservação da vida depende do equilíbrio existente entre os povos que a habitam e as espécies que nela interagem. A organização dos jovens e as ações que podem ser realizadas nos dão força para continuarmos abordando a necessidade de cuidar da nossa querida Amazônia, e em geral da Casa Comum.
Núcleo Juventudes e Amazônia
A REPAM, por meio do Núcleo Juventudes e Amazônia, não é indiferente à criação de espaços que permitam aos jovens fazer parte dos processos sociais da região amazônica e do mundo inteiro. Além disso, a partir da rede, há um acompanhamento constante de diferentes processos que motivam a força e o espírito pela proteção do nosso planeta e a promoção do bem viver em todos os seus aspectos. A filosofia do Núcleo afirma que “as diferentes expressões juvenis na região pan-amazônica devem ser articuladas em uma rede para possibilitar a reflexão e o compromisso socioambiental, socializando conteúdos e experiências ligadas à ecologia integral”.
Entre as atividades motivadas pelo Núcleo, se destaca a série Juventude e Amazônia, desenvolvida com o objetivo de celebrar as ações dos jovens em prol da Amazônia; a realização de diferentes espaços de reflexão, como o Encontro de Jovens da Comissão Pastoral da Terra (Cobija – Bolívia, 2023); a criação de diferentes materiais para os jovens promoverem discussões e reflexões sobre as mudanças climáticas; a realização do curso Guardiões Ambientais, com grande participação de jovens da Amazônia brasileira e diferentes encontros no âmbito do próprio Núcleo, que motivam o discernimento orientado pela proteção da Casa Comum. Não se trata de uma pastoral juvenil; podemos definir o Núcleo Juventude e Amazônia da REPAM como uma rede de diferentes processos juvenis dentro da Pan-Amazônia para incentivar o desenvolvimento da consciência ecológica.
Mas será que há mais? Que detalhes, aspectos e experiências também devemos considerar e destacar dos processos dos jovens amazônicos? Para responder a essa pergunta, temos que nos referir a certos cenários que marcaram a luta dos jovens e de outros atores dentro da Pan-Amazônia. Por exemplo, a realização do Fórum Social Pan-Amazônico (FOSPA) foi marcado pela presença de diferentes movimentos sociais que desenvolvem suas ações na Amazônia; as organizações juvenis não ficaram indiferentes a isso e acrescentaram sua posição em cada um dos espaços de reflexão e ação desse encontro da sociedade civil.
A última versão do FOSPA, realizada na Amazônia boliviana, foi concluída com um chamado para a construção de um acordo pela vida diante do colapso climático e ecológico do Planeta. Os jovens se posicionaram sobre a necessidade de uma transição energética na Amazônia, o cuidado do território, a soberania alimentar, a agroecologia, a projeção de um território desmilitarizado e o apelo à paz.
“Os jovens da Pan-Amazônia têm se tornado cada vez mais conscientes do compromisso de nossa geração em defender nosso território, em cuidar de nossa Casa Comum, diante das ameaças que enfrentamos todos os dias. Em cada localidade da Pan-Amazônia, cada vez mais jovens estão se conscientizando disso e realizando ações que promovem o cuidado, práticas ecológicas integrais e que, acima de tudo, defendem como um território de povos e pessoas que precisam ter seus direitos protegidos”, afirmou Thalita Vasconcelos, membro e motivadora de muitos dos processos do Núcleo Juventudes e Amazônia da REPAM.
O apelo dos jovens para a organização do FOSPA como um espaço para a construção de ações de incidência foi a demanda pela incorporação de um eixo de jovens dentro do Fórum. “Nas juventudes reside a contínua luta e resistência dos povos indígenas, originários e camponeses da Amazônia para influenciar os espaços de tomada de decisão”, afirmaram cerca de 200 jovens de territórios andino-amazônicos reunidos no encontro Juventudes pela Amazônia, realizado no dia 13 de junho durante o 9º FOSPA.
No entanto, o processo foi muito além. E foi acordado serem necessárias ações como a formalização de uma rede de jovens com presença nos nove países amazônicos, a criação de um espaço permanente que promova a discussão sobre os problemas dos jovens amazônicos, a promoção do envolvimento dos jovens em espaços de controle social e a garantia de uma transição ecossocial justa e respeitosa com a Mãe Terra. Em suma, o compromisso da juventude amazônica tem sido orientado por uma proteção abrangente e generalizada do território e de todos quantos o habitam; um compromisso que anda de mãos dadas com o compromisso atual para a preservação da vida.
Dia Mundial da juventude
Vale a pena ressaltar as declarações feitas por Jayathma Wickramanayake, enviada especial do Secretário-Geral da ONU para a Juventude para o Dia Mundial dos Jovens de 2023 : “Os jovens se tornaram uma força motriz para a mudança social por meio da mobilização social… São as vozes e contribuições desses jovens, que muitas vezes são deixados para trás, que mais necessitamos… Com otimismo inabalável e soluções inovadoras, os jovens nos lembram que ainda há tempo para colocar o mundo de volta no caminho certo”.
Neste 12 de agosto, queremos enfatizar que a intenção dos diferentes processos deve ser orientada para que os jovens não percam o horizonte e continuem a se concentrar em cenários realmente importantes para melhorar os estilos e a qualidade de vida no planeta. A REPAM entende que tem a tarefa de continuar articulando e acompanhando diferentes processos que fortaleçam gradualmente o equilíbrio que deve existir em nossa querida Amazônia. Não podemos tirar da cabeça o fato de que é necessário continuar com esses processos que enchem os jovens de força para liderar e salvar o planeta, nossa Casa Comum.
É oportuno chamar a atenção para fornecer o apoio necessário aos jovens da Amazônia e de todo o mundo para defender a vida que ainda resta. Os diferentes órgãos devem planejar a realização de um trabalho em conjunto com os jovens, mas não apenas “para os jovens”. A construção de processos é feita em conjunto e buscando o fortalecimento de cada experiência, motivada pela juventude e buscando uma mudança substancial orientada por uma ecologia integral. Desde a REPAM dizemos em alto e bom som: Vivam as juventudes! Aqueles que hoje mantêm a esperança de proteger nossa Pan-Amazônia e que acreditam que é possível garantir as condições necessárias para a preservação da vida.